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10/09/2014

U2 – Songs of Innocence

O problema de ser músico é que, quando você quer falar de outros músicos e bandas, parece que surge aquele sentimento de “quem tem telhado de vidro, não atira pedras no do vizinho”. Só que uma coisa não tem a ver com a outra: a carreira de um músico (e por consequencia, seus lançamentos) não deixará de ser criticada (seja positivamente ou negativamente) simplesmente por ele não ter falado nada de seus iguais.

E esse sentimento parece aumentar quando falamos de bandas já consagradas.

E isso aumenta mais ainda quando falamos no U2. Parece que o sentimento fica ainda mais forte: “invejoso, não consegue fazer melhor, daí fala mal”.

Tendo feito toda esta introdução, gostaria de iniciar minha crítica ao novo álbum do U2, lançado em uma exclusiva, mas não inédita, parceria com a Apple, a gigante amada e odiada por hipsters e geeks mundo afora. O disco “Songs of Innocence, 13º álbum de estúdio da banda irlandesa, foi disponibilizado gratuitamente a todos os usuários do iTunes ontem, 9 de setembro, mesmo dia em que foram lançados o novo iPhone 6 e o Apple Watch.

DO MEU PONTO DE VISTA (escrevo este início de frase com caps lock ligado justamente para enfatizar que cada um tem sua opinião e você está livre, sim, para discordar) o disco soa comum. Poderia fazer parte da discografia de outras bandas de rock modernas. O Rock de Arena que ouvimos desde Achtung Baby, passando mais explicitamente por All That You Can’t Leave Behind, How to Dismantle an Atomic Bomb e o supracitado No Line on The Horizon deu lugar a um som sem a mesma pressão dos outros discos. Talvez seja fruto da idade, ou de uma direção errada na produção, mas de qualquer forma, é um disco que já ouvimos. Os timbres, os refrões… quase tudo tem um quê de “já ouvi isso antes”. Um amigo do facebook disse algo que concordo: “o U2 virou cover do Delirious” (banda cristã, inglesa, já aposentada).

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Para não tornar este texto uma tratado quilométrico, vou fazer um pacote composto de FAIXAS QUE GOSTEI e FAIXAS QUE NÃO GOSTEI. O critério é simples: achei legal e não achei legal. Mais subjetivo, impossível. Mas quem passa o dia, e de forma mais abrangente A VIDA ouvindo música sabe que há momentos em que as coisas precisam ser explicadas em critérios subjetivos mesmo.

Faixas que gostei: Every Breaking Wave, Song for Someone, Iris, Volcano, Raised by Wolves.

Faixas que não gostei: The Miracle, California, Cedarwood Road, Sleep like a baby tonight, This is Where You Can Reach me Now, The Troubles.

Bom, se você acompanhou este post até agora, deve achar que eu odiei o disco. Não é bem assim. Explico.

Após 5 anos de nosso último encontro com a banda, ao menos para mim, o ponto forte do disco é justamente aquilo que nenhuma banda gosta de ouvir a respeito de seus discos (acreditem em mim, sei por experiência): ele não é nada demais. E ainda mais: a banda é corajosa em arriscar uma mudança grande assim em sua sonoridade. Alguns já têm dito que eles estão olhando para o seu passado. Em parte, concordo. Em alguns momentos do disco, percebemos que eles buscaram uma atmosfera semelhante àquela de seus primeiros discos, mas não sei se essa é uma visão do todo. Acho mesmo que, simplesmente, eles são de carne e osso – algo que, ao ouvir músicas como Vertigo, Magnificent, Sunday Bloody Sunday ou Where the Streets Have no Name (dentre outras), poderíamos duvidar.

O disco está disponível para download gratuito através do iTunes até o dia 13 de outubro. E é claro que vale a pena fazer o download.

Eduardo Mano é Diretor de Arte e músico. Na Oliver, também atende o telefone com vozes estranhas e é o líder do sindicato dos empregados, responsável por reivindicar o lanche do dia.

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